Regras e Limites na Escola: A importância de Estabelecer Normas
Todos nós vivemos em sociedade, e toda sociedade tem suas regras, leis e códigos que regulam nossas interações e que estabelecem, portanto, os direitos e deveres.
Quando se fala em educação escolar, sabe-se que ela não será possível sem uma definição clara do conjunto de regras que devem ser respeitadas e cumpridas.
Sendo assim, uma das funções da escola é a promoção da socialização, pois é preciso preparar os alunos para que respeitem-se, cumpram seus deveres e trabalhem pelo bem de todos, e isso significa cumprir regras.
Cada escola tem seu conjunto de regras e através delas o aluno consegue saber quais os comportamentos que se espera dele. Com isso ele pode desenvolver a autorregulação emocional e conseguir viver bem em sociedade.
Ao se estabelecer o conjunto de normas e regras é preciso ter em mente que haverá regras que não serão negociadas nem discutidas, como por exemplo, não sendo admitido violência física, bullying, humilhação ou discriminação, pois um dos princípios que norteia qualquer código de regras é o respeito por si mesmo e pelos outros.
Porém, é importante que os alunos possam participar da construção de algumas regras, pois isso permitirá que as mesmas não se tornem vazias, ou que eles obedeçam só por obedecer ou por medo de punições e, assim, auxiliar no desenvolvimento da autonomia quando ele próprio compreenderá que suas atitudes impactarão as pessoas que o rodeiam.
É preciso levar em conta a idade das crianças ao se pensar nas estratégias para a construção das regras e “combinados”. Com crianças pequenas precisamos lembrar que elas terão mais facilidade de elaborar as regras quando podem identificar comportamentos que causam emoções desagradáveis, como por exemplo: não bater, não morder, não jogar lixo no chão, levantar a mão antes de falar, etc. E essas regras precisam ser concretas, ilustradas e se possível, mantida na parede para que se torne visível a todos.
Já com os maiores, não há necessidade de recursos visuais, pois eles já possuem conhecimento e vivência de situações desagradáveis podendo então discutir e estabelecer as regras de forma mais abstrata e de parâmetro mais amplo, como por exemplo: respeitar a integridade física e emocional dos colegas e, a partir daí, elencar os comportamentos que não serão aceitos (empurrar o colega, zombar quando um colega der uma resposta errada, etc). Podemos ainda ensinar os alunos a observarem e compararem seu comportamento com os parâmetros estabelecidos e avaliarem se tiveram atitude apropriada ou não, permitindo assim desenvolver o senso de juízo moral.
Quando o conjunto de regras estiver pronto, as crianças terão compreendido o porquê de cada norma e assumirão o compromisso de cumprí-las. O professor deixará claro que as regras criadas devem ser cumpridas e que estará observando os comportamentos inapropriados e que os mesmos não serão ignorados, mas sempre incentivando e valorizando as atitudes adequadas, reconhecendo-as publicamente mais do que ressaltar os erros, pois assim estará mostrando que valoriza o melhor de cada aluno e eles, então, tentarão corresponder a essa expectativa.
O Colégio Elim, pensando em educar crianças e adolescentes que aprendam a serem cidadãos autênticos, preocupados com o próximo e que respeitam as diferenças, tem seu conjunto de regras já estabelecidas pela direção e coordenação, que não são negociáveis e que todos (funcionários, professores e alunos) devem seguir, mas permite que cada professor, dentro da sala de aula, crie regras juntamente com os alunos, chamando-os a participar deste momento para que possam vivenciar a importância de se ter regras, as dificuldades quando as mesmas não são cumpridas ou parecem favorecer um ou outro, quando não concordam com a mesma e até mesmo modificando-as quando necessário, adequando-se ao momento em que está sendo vivido.
Que possamos educar crianças e adolescentes capazes de viverem em sociedade, respeitando o próximo, desenvolvendo a empatia e participando ativamente ao cumprir seus deveres e desfrutando dos seus direitos.
Camila Neves Camargo
Psicóloga